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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Engenheria de Produção têm alto salário e é uma das profissões mais procuradas no Brasil. Veja reportagem abaixo!


Conheça dez áreas com escassez de mão de obra

Luís Guilherme Barrucho


A falta de preparo do trabalhador brasileiro e o estigma associado aos cursos profissionalizantes - que faz com que muitos jovens ainda prefiram optar pela universidade do que pela escola técnica - criou sérios problemas para as empresas brasileiras na busca por mão de obra.
Uma pesquisa da empresa de recrutamento ManpowerGroup, divulgada no mês passado, mostrou que a taxa de escassez de talentos (mão de obra qualificada) no Brasil é de 63%, quase o dobro da média mundial (36%). Foram ouvidos na sondagem mais de 37 mil empregadores de 42 países e territórios.
Outro levantamento, da Fundação Dom Cabral (FDC), em São Paulo, publicado em abril deste ano, diz que nove entre cada dez empresas brasileiras apresentam dificuldades em preencher seus quadros.
As companhias citam a escassez de profissionais capacitados (83,23%) e a deficiência na formação básica (58,08%) como os principais entraves para assinar carteiras. O estudo foi realizado com base em dados fornecidos por 167 empresas de diferentes setores que, juntas, respondem por 23% do PIB.
Sem saída, as empresas acabam abrindo mão de exigências como experiência, pós-graduação e fluência no inglês para contratar. Além disso, oferecem pacotes de benefícios para reter os profissionais já contratados.
Com funcionários menos produtivos, a competitividade dos produtos brasileiros acaba prejudicada. Hoje, um brasileiro leva um dia para produzir o equivalente a um americano em cinco horas, um alemão, em seis horas, e um chinês em oito horas.
"Nossa produtividade vem crescendo a um ritmo menor do que o custo do trabalhador. A empresa precisa pagar essa diferença, ou corrigindo os preços e gerando inflação, ou reduzindo investimentos. Nos dois casos, o crescimento da nossa economia é afetado", afirmou à BBC Brasil José Pastore, professor de economia da USP e ex-chefe da Assessoria Técnica do Ministério do Trabalho.
A dificuldade de encontrar mão de obra qualificada também tem levado as empresas a intensificar a capacitação do trabalhador no próprio ambiente de trabalho. Segundo uma sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada no ano passado, 81% das empresas utilizam essa estratégia. Entre as de grande porte, essa taxa sobe para 87%.

Carência

Entre os profissionais mais difíceis de contratar, operários e técnicos aparecem no topo da lista.
Marcia Almstrom, diretora de Recursos Humanos da ManpowerGroup no Brasil, disse à BBC Brasil que o "desprestígio" do ensino técnico criou "uma lacuna no mercado de trabalho".
Para tentar solucionar esse problema, o governo federal espera elevar o número de matrículas Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) das atuais 8 milhões para 12 milhões nos próximos quatro anos.
"O Pronatec foi um passo decisivo para que nós pudéssemos, de fato, garantir escala, gratuidade e qualidade na educação profissional", disse à BBC Brasil o ministro da Educação, Henrique Paim.
"O resultado é muito importante para o país do ponto de vista da competitividade e fará o Brasil se tornar mais competitivo", acrescentou.
O levantamento da FDC dá ideia do impacto da escassez de profissionais qualificados no mercado de trabalho. Em uma análise por área, a produção/chão de fábrica continua sendo a mais difícil de encontrar trabalhadores capacitados (47,3% das empresas consultadas). A pesquisa também revela que as funções técnica e operacional são as posições de qualificação mais precária (50,62%).
Por causa disso, de acordo com o estudo, no nível técnico, quase 60% das companhias reduziram as exigências para contratação. No nível superior, a taxa é de 45,1%. Em 2010, quando a Dom Cabral fez a primeira pesquisa sobre carência de mão de obra, as taxas eram de 54% e 28%, respectivamente.
A partir de pesquisas e da opinião de especialistas, a BBC Brasil identificou dez áreas em que há escassez de profissionais capacitados. Confira.

Operários

Quanto ganham? até R$ 1,5 mil
Por que estão em falta? A redução da pobreza e o ganho de renda permitiram ao trabalhador de produção/chão de fábrica estudar e buscar profissões de melhor remuneração. Cada vez menos pessoas, portanto, querem dedicar-se ao trabalho braçal. Também faltam profissionais capacitados.

Técnicos

Quanto ganham? entre R$ 2 mil e R$ 5 mil
Por que estão em falta? A escassez desse tipo de profissional se concentra nas áreas de edificação, eletricidade e automação. O crescimento na oferta de cursos de ensino superior privados contribuiu para aumentar a sangria no ensino profissionalizante, uma vez que cada vez mais jovens preferem um diploma universitário ao certificado de um curso técnico. Entre 2003 e 2012, o número de matrículas só no ensino superior praticamente dobrou, passando de 3,8 milhões para cerca de 7 milhões, a maioria na rede privada.

Motoristas

Quanto ganham? até R$ 2 mil
Por que estão em falta? Tal como os operários, muitos decidiram deixar a profissão em busca de carreiras mais bem remuneradas, aproveitando-se para isso do crescimento econômico dos últimos anos, que criou uma classe média até então inexistente. Também faltam condutores capacitados, aptos a usar novas tecnologias e a dirigir veículos especializados.

Secretárias e assistentes

Quanto ganham? de R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil
Por que estão em falta? Em muitos casos, a profissão exige apenas nível médio, o que não interessa a jovens que aspiram a um diploma universitário. Os que já estavam na carreira também optaram por deixá-la, à medida que passaram a ingressar em cursos de nível superior afins às áreas em que trabalhavam. Também faltam profissionais capacitados dado que a carreira requer conhecimentos antes inexistentes, como fluência em língua estrangeira.

Profissionais de Recursos Humanos

Quanto ganham? de R$ 6 mil a R$ 10 mil
Por que estão em falta? A necessidade de reestruturação das empresas, especialmente em um momento de esfriamento da atividade econômica no país, aumenta a exigência sobre os Recursos Humanos, setor responsável por reformular a base de talentos das empresas. Há uma demanda maior, portanto, por profissionais da área.

Profissionais de TI

Quanto ganham? entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil
Por que estão em falta? O número de profissionais formados na área de tecnologia da informação não atende à demanda crescente das empresas, cada vez mais informatizadas. Entre os principais motivos, segundo especialistas, estão o baixo interesse dos estudantes brasileiros por ciências exatas até a alta evasão dos cursos ligados à tecnologia. O setor estima que o déficit de profissionais chegue a 750 mil em 2020.

Contadores e Profissionais de Finanças

Quanto ganham? entre R$ 5 mil a R$ 10 mil
Por que estão em falta? A complexidade da economia brasileira impôs novas exigências aos profissionais da área, aos quais falta especialização. Além disso, os jovens teriam perdido interesse no setor por seu caráter 'operacional' e não 'estratégico', dizem especialistas.

Profissionais de meio ambiente

Quanto ganham? entre R$ 7 mil e R$ 15 mil
Por que estão em falta? O aumento da demanda por profissionais de meio ambiente cresceu à medida que as empresas passaram a mensurar os custos financeiros e políticos do impacto de suas ações na natureza. Porém ainda há um grande déficit de profissionais especializados na área, em parte devido à baixa oferta de cursos.

Engenheiros

Quanto ganham? entre R$ 8 mil e R$ 20 mil
Por que estão em falta? O Brasil tem uma carência histórica na área de engenharia, formando, anualmente, apenas 44 mil engenheiros, contra 150 mil dos Estados Unidos, 300 mil da Índia e 400 mil da China. Há uma demanda maior por engenheiros de produção, de segurança do trabalho, mecânicos, civis, de controle e automação, elétrico e ambiental.

Profissionais de Saúde

Quanto ganham? entre R$ 5 mil e R$ 20 mil
Por que estão em falta? As novas tecnologias passaram a exigir mudanças e adaptações no comportamento dos funcionários. O médico do trabalho ganhou papel importante nesse processo. A especialização, no entanto, ainda é limitada em número de cursos e Estados.

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